Exmo. Sr. Governador ... demais autoridades que prestigiam esse evento.

Minhas senhoras e meus senhores,

Ao assumir a Presidência deste Tribunal lanço um olhar sobre o passado e rememoro o longo caminho percorrido até aqui, desde a infância na minha adorável Casa Nova, berço dos meus pais e dos meus avós.

Em momentos como esse é quase um imperativo realizar, do fundo da alma, um balanço de fatos e circunstâncias em busca dos motivos e razões pelos quais a mão caprichosa do destino nos conduz à investidura em determinado cargo ou função pública.

Tendo concluído essa viagem ao passado posso hoje afirmar que, de tudo quanto tenho vivido nessas mais de cinco décadas, um sentimento esteve invariavelmente presente: o de não fugir aos desafios que a Divina Providência me impôs.

Por maiores que tenham sido as dificuldades, jamais receei que elas me vencessem. Jamais desisti de tentar superá-las.

Sob esse signo – o signo do Desafio – é que olho, nesta hora, para o futuro e encaro, destemido, a importante e honrosa missão que me foi confiada por meus ilustres Pares, Companheiros de Tribunal, cuja generosidade está revelada em um só gesto de fazer-me seu Presidente.

Não poderia deixar de ressaltar, de logo, o grande Desafio que é suceder na Presidência da Casa ao Excelentíssimo Conselheiro Manoel Castro, cujas virtudes de administrador, há muito conhecidas de todos os baianos, restaram ainda mais exaltadas nesses anos em que esteve à frente deste Tribunal.

Mas também o Desafio de, somando as frações, totalizar o pensamento do Colegiado sobre os caminhos que devem ser percorridos, as mudanças a serem implementadas, sempre fiel à delegação recebida.

Desafio de saber harmonizar, sem, contudo, perder a identidade.

Desafio de, no exercício da Presidência, continuar a ser contador sem nunca perder de vista, entretanto, que os verdadeiros resultados não se exprimem apenas na frieza dos números.

Desafio de tentar traduzir em realidade as expectativas e anseios do corpo funcional, sem esquecer daquilo que é factível à vista das dificuldades que a conjuntura impõe.

Desafio de comandar uma instituição vocacionada à defesa do Erário num período em que a Nação, estarrecida, vê se multiplicarem os pilhadores da res publica, que se lançam, vorazes, com apetite desmedido, sobre o patrimônio que é de todos.

Desafio de manter esta Instituição, quase secular, cada vez mais reconhecida no cenário nacional pelo pioneirismo de suas ações e pela sua atuação intransigente no controle dos gastos públicos.

Desafio de saber-se ético, equilibrado e responsável, sem cair na tentação de se deixar seduzir pelas manchetes auto promocionais nem pelo elogio fácil dos bajuladores de ocasião.

Desafio de examinar as ações do Estado, suas políticas públicas e as contas dos seus gestores com a isenção de magistrado, embora partilhando, como cidadão, da repulsa que a Sociedade tributa ao desemprego, à corrupção, à pobreza, à desnutrição, à fome e ao analfabetismo.

E aqui é justo aludir a dois grandes homens, paradigmas de administrador público, que ora se fazem presentes a esta solenidade: refiro-me às pessoas de Antonio Carlos Magalhães e Paulo Souto.

Ao Senador Antonio Carlos Magalhães deve a Bahia, nas últimas décadas, suas transformações mais profundas. Ninguém poderá jamais escrever a história do desenvolvimento do nosso Estado sem reservar um lugar de destaque para o seu nome. Às suas qualidades inigualáveis de administrador são creditadas importantes iniciativas, não apenas do ponto de vista econômico, social e cultural, mas também sob o prisma institucional, formando quadros da maior competência e seriedade para servir à Bahia e ao Brasil.

Ao Governador Paulo Souto, exemplo maior dessa plêiade de homens públicos de escol, e que vem se destacando no cenário nacional como administrador hábil, moderno e probo, verdadeiro padrão de excelência, exemplo para os demais governantes deste País.

Devo estar atento, também, para o Desafio de não deixar confundir a crítica construtiva, o trabalho sério, consistente e bem orientado, com a denúncia infundada, a censura vazia, inspirada, mais das vezes, por razões menores, indignas da magnitude deste Tribunal.

Desafio, por fim, de tentar fazer ainda algo mais, até porque sou testemunha, nesta Casa, dos avanços já conquistados no que se refere ao aperfeiçoamento do sistema de controle externo da atividade governamental na Bahia, principalmente nos últimos anos.

E se hoje ainda me lanço a tantos desafios é porque trago comigo a certeza de que navegarei com a tranqüilidade daqueles que sabem que as intempéries e os infortúnios jamais haverão de me desviar da rota que tracei.

Navegante dos tempos modernos, conto com todos os recursos que a tecnologia permite; uma sede condigna, bem aparelhada, com equipamentos de última geração, um quadro de servidores laborioso e altivo, competente e sabedor daquilo que a Sociedade espera de todos nós.

Devo reconhecer, entretanto, que o sucesso dessa travessia não pode depender exclusivamente desse aparato.

Não pretendo nem desejo prescindir da orientação Divina e da luz das estrelas, melhor dizendo, da constelação que sempre me serviu de bússola. Daqueles que, embora já tenham partido desta vida, permanecem a cintilar, eternos, no firmamento, inspirando-me com seus exemplos para que possa seguir em frente superando as dificuldades.

Confiante estou tendo-as a iluminar os meus passos. A meu pai, Adolfo Viana de Castro, de quem herdei o senso de austeridade no trato da coisa pública, e a Luiz Viana Filho, por cujas mãos experientes me orgulho de haver iniciado na luta política. A essas estrelas viria se somar a luminosidade de Luiz Eduardo Magalhães, talento fulgurante, que nos deixou em pleno vôo quando se preparava para lançar-se ao desafio de governar a Bahia, que àquela altura a ele tanto já devia e ainda muito mais dele necessitava.

A ele me sinto cada dia mais unido por sentimentos de amizade e gratidão que não se arrefecem, mesmo a despeito de decorridos todos esses anos da sua lamentável e prematura partida.

É na cintilância do conjunto dessas estrelas que me oriento quanto ao rumo a seguir. Nos momentos graves e difíceis servem-me de mapa. Indicam o caminho mais seguro a ser palmilhado.

Não seria completa, entretanto, essa oração, sem um olhar agradecido para minha mãe, Altair de Castro, responsável maior pela minha existência e hoje também aqui presente.

A meu sogro, Wilson Pelegrini de Almeida, que já não mais se encontra fisicamente no meio de nós, mas cuja luz faz refletir sobre mim uma sombra amiga que me acompanha silenciosamente pelos caminhos da vida.

Por fim, mas não por último, a Italva Maria, minha mulher, e a Adolfo, Rafael e Mariana, meus filhos, esta última já trazendo no seu ventre meu desejado neto Tom. Ele virá completar esse ninho de amor onde sempre encontrei refrigério e bálsamo para suportar as adversidades e incompreensões tão freqüentes na vida pública.

Minhas senhoras e meus senhores. É hora de concluir.

Uma mensagem onde se reconhece a existência de tantos desafios não poderia, entretanto, ser encerrada sem que se recorresse à sábia advertência do poeta. Afinal...

"Se as coisas são inatingíveis... ora!

Não é motivo para não querê-las...

Que tristes os caminhos se não fora

A mágica presença das estrelas"!

(Mário Quintana)

Muito Obrigado.