IMG 5386Com uma lupa crítica voltada para as mudanças das rotinas e práticas jornalísticas sobre convergência digital, o mestre em comunicação da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Washington José de Souza Filho, responsável por ministrar o curso “Web TV – Linguagem, Elaboração de Notícia e Edição de Vídeo", provocou uma reflexão nos servidores, nesta terça-feira (28.05), sobre a compreensão do contexto de produção do jornalismo audiovisual, reforçando que esse ambiente de mudanças não necessariamente está sendo influenciado por um determinismo tecnológico.

Para ele, as novas formas de distribuição de conteúdo impõem uma mudança, uma nova maneira de compreender a atuação dos meios de comunicação, como a televisão e a produção audiovisual. "A tecnologia digital impõe novas práticas profissionais e novas rotinas para a produção de conteúdo. E os profissionais da área de comunicação, em especial os jornalistas, precisam realizar mais e novas tarefas, relacionadas com a reconfiguração tecnológica".

O chefe do Departamento de Comunicação da Faculdade de Comunicação da Ufba traçou uma linha do tempo das inovações tecnológicas, fazendo referência à utilização da câmera 16 mm como alternativa para substituir as utilizadas pelo cinema e às mudanças com o surgimento da tecnologia do videotape na forma de realizar as reportagens. Washington relembrou que, nos primórdios, o jornalismo era baseado no modelo do cinema e que os telejonais exibidos ao vivo eram feitos sem a sincronização do áudio. "As reportagens eram feitas sem a presença do repórter, apenas com a participação do repórter-cinematográfico", explicou.

Em sua explanação, o palestrante evidenciou um salto evolutivo na década de 90, com mudanças como a edição não-linear, aprimorada através do computador e programas específicos – associação do código de tempo e forma de busca (randômica) do arquivo. A partir do surgimento de novas tecnologias de comunicação, ele lembrou o pioneirismo do Jornal Nacional na transmissão em rede, a forma de participação do jornalista nas reportagens, o aparecimento dos canais especializados em notícia, vídeos em portais, além da publicação de vídeos em jornais.

De acordo com o professor, com a utilização mais intensamente dos recursos audiovisuais online para buscar e consolidar audiência, as redações passaram a apostar na integração dos procedimentos – sistemas de gestão, ferramentas tecnológicas –, alternativa para promover a distribuição do conteúdo para diferentes modalidades. "A digitalização é o agente da mudança porque favorece, por meio de recursos, como o computador integrado a internet, novas formas de produção, distribuição e circulação dos conteúdos. O que impõe novas tarefas para os profissionais, principalmente os jornalistas", afirmou.

Washington José sinalizou que a TV ainda mantém a predominância da audiência, como ocorre no Brasil, ainda que com significativo crescimento da internet e perda do interesse dos mais jovens pelo meio. E revelou que a importância do ambiente digital tem reflexos no estabelecimentos de novos modelos de negócios, influenciados pelas plataformas digitais.

"As empresas de comunicação e instituições, cada vez mais, usam as redes sociais como alternativas, distribuindo o conteúdo produzido através da internet. Na medida em que o TCE/BA busca esse aperfeiçoamento, é uma forma também de estabelecer um novo patamar das relações que desenvolve com a sociedade. E dispor de uma ferramenta como a Web TV significa ter uma abrangência maior do tipo de trabalho e do tipo de informação que circula nessa Casa", concluiu.