IMG 4469Um depoimento baseado no afeto das lembranças familiares, emoldurado com belas histórias, fotografias e poemas sobre a matriarca da família Velloso, Dona Canô, que nos deixou em 2012, aos 105 anos de idade, mas que guardava em si um amor incondicional pelos filhos, além da alegria de viver, a coragem e o espírito de liderança. O relato desse exemplo de grande mulher, mãe e anfitriã não poderia ser conferido a ninguém menos do que a uma grande coletora de memórias: a escritora e compositora Mabel Velloso, que, nesta quinta-feira (09.05), participou do bate-papo que marcou o Café, Prosa e Poesia em homenagem às mães servidoras dos Tribunais de Contas do Estado da Bahia (TCE/BA) e dos Municípios do Estado da Bahia (TCM/BA).

O Coral Vozes do TCE e TCM abrilhantou o encontro, entoando as canções "Ofertório", de Caetano Veloso; "Maria, Maria", de Milton Nascimento, e "Eu sei que vou te amar", de Tom Jobim e Vinícius de Moraes. Regido pelo maestro Neemias Couto, o coral iniciou a manhã musical fazendo uma bela homenagem às mães e emocionando o público que acompanhou e participou da performance musical. Os servidores puderam ainda contemplar o clima do Recôncavo ao som do violão do músico Neto Moura, com canções de Caetano Veloso.

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O evento, ocorrido na sala de treinamento da ECPL, teve como mestre de cerimônias o historiador Francisco Sena, que deu início às atividades com um questionamento sobre o que é ser mãe. Emocionada, Mabel Velloso, que tem três filhas, dois netos e um bisneto sendo gestado, respondeu, recitando seu poema: "Das alegrias da vida, a alegria maior foi parir minhas meninas/ Dos cuidados da vida, o cuidado maior foi criar minhas meninas/ Dos receios da vida, o receio maior foi ver crescer minhas meninas/ Das tristezas da vida, a tristeza maior foi ver chorar minhas meninas/ Das esperanças da vida, a esperança maior foi viver minhas meninas".

Dona de um espírito livre, Mabel pontuou a apresentação com revelações poéticas: “É bom se emocionar. Quando a gente deixa de se emocionar, é porque não está mais vivendo direito. A emoção faz parte da vida. Me emocionei desde o momento em que o Coral cantou Ofertório, de Caetano. E me emociono também com essa homenagem a todas as mães servidoras. Mães que se desdobram em muitas, que cuidam, acolhem e ainda trabalham. É uma alegria falar sobre minha mãe. E falar dela me remete à lembrança de meus pais. Foram casados por 53 anos e viviam de mãos dadas. Tomavam sopa de mãos dadas. Eu cresci impregnada daquela felicidade”, revelou Mabel, brincando que a tragédia maior foi perceber que a vida dela não seria igual, provocando risos na plateia formada por servidores e servidoras das duas Casas de Controle.

O evento contou também com a presença dos presidentes do TCE/BA, Gildásio Penedo Filho, e do TCM/BA, Plínio Carneiro Filho, que parabenizaram as mães servidoras e destacaram a importância das confraternizações no TCE/BA em datas especiais. “A data comemorativa traz a grandeza e a importância do seu gesto. E é ainda mais enaltecida, quando temos mães servidoras, dedicadas e que se dividem nos afazeres domésticos, na formação de seus filhos e ainda nos labores da atividade funcional. Nos reunimos aqui hoje para render a mais justa homenagem a vocês, mães dedicadas e devotas, e que a cada dia vencem o desafio da batalha diária, sem se descuidar da formação educacional e amorosa dos seus filhos”, destacou o conselheiro-presidente, estendendo a homenagem a sua esposa e servidora do TCE/BA, Roberta de Alencar Santana Penedo.

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Em seguida, o presidente do TCM/BA, Plínio Carneiro Filho, recitou um trecho do poema Mãe, de Mário Quintana, que diz: Todo o bem que se disser/ Nunca há de ser tão grande/ Como o bem que ela nos quer. “Essa é uma verdade, que por mais que falarmos, será pouco para reconhecer o imenso carinho, cuidado, acolhimento e amor dedicado pelas mães. Amor que nos reconforta, que nos renova a cada dia dessa grande aventura humana que é viver. Eu não sei como elas conseguem tanta força para irradiar tamanha energia. Fico imaginando como estas mulheres, depois de uma longa jornada de trabalho, conseguem ainda disposição para cuidar de seus filhos”, salientou Francisco Sena.

Durante o bate-papo, Mabel revelou que herdou um pouquinho de cada um de seus pais, como os poemas do pai e as canções da mãe, mas logo percebeu que a felicidade conjugal não era hereditária, apesar de se realizar como mãe de três filhas. A escritora lembrou do poema DNA, que traduz esse sentimento: “Sempre tive muita fé na vida/ Esperei sempre ser feliz/ Meu pai e minha mãe ali juntinhos/ Derramando carinho sobre nós…/ Só me tornei triste e amarga/ Quando descobri que a felicidade não é hereditária”.

Sobre a vida em família, a escritora revelou que a sua casa estava sempre aberta para festas, com mesa farta. Ela lembrou que a mãe acolhia quem chegasse e fez alusão à vida dos apóstolos. “É engraçado que lá em casa, na mesa, nós, almoçando, vivíamos o Evangelho. Este mês de maio é o mês em que os filhos devem obedecer às mães. Não deixem que eles se sentem à mesa com seus celulares. Queiram abraços e beijos. E recusem as mensagens!!!”, aconselhou, em meio a aplausos.

Mabel Velloso disse que sempre quis ensinar. E que depois de se formar, em 1955, resolveu voltar para Santo Amaro para lecionar. Sua alma de poeta não permitiu que ela reproduzisse, em sala de aula, uma cultura baseada em contos de Rapunzel, com aqueles cabelos lisos e louros. “Eu tinha de contar histórias que tivessem a ver com a vida das crianças do Recôncavo. Eu precisava que as crianças, quase todas negras, entrassem na história. Saía com meus alunos para mostrar a rua, o rio. Dava dever de casa e prazer de casa. E continuo ensinando até hoje. Hoje falo sobre poesia. A ideia é fazer com que meus alunos sonhem e cantem”, disse a escritora.

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Para a escritora, ser mãe é mostrar para os filhos caminhos melhores e dar-lhes um acolhimento que faz de todos eles pessoas muito especiais. “Minha mãe sempre apoiou e estimulou as escolhas dos filhos. E assim colaborou com o crescimento pessoal, intelectual e artístico deles. Sempre buscou nos orientar a enfrentar tempestades, e a ver a vida como um tesouro maior. Todos nós, filhos, netos e bisnetos, temos em minha mãe um espelho em que podemos refletir o brilho dela para as nossas vidas. Agradeço a todos vocês e tenho certeza de que, onde quer que ela esteja, está muito grata por essa homenagem", concluiu Mabel Velloso.

Como lembrança do evento, a servidora Roberta Penedo entregou uma orquídea à convidada do talk show do Café, Prosa e Poesia, e a filha da escritora, Ju Velloso, entregou à escritora o certificado de participação no curso. Outro ponto alto do evento foi a exibição das fotos de servidoras do TCE e do TCM com seus filhos, que muito emocionaram o público. O mestre de cerimônias, Francisco Sena, destacou o empenho das servidoras Evellyn Figueiredo (TCE/BA) e Daniele Oliveira (TCM/BA) na organização do evento.

O Café, Prosa e Poesia em homenagem ao Dia das Mães foi encerrado com sorteio de brindes e de livros da escritora Mabel Velloso, com sessão de autógrafos da autora.