Luislinda Valois profere palestra no Café com Prosa em homenagem ao Dia das Mães

A guerreira de fé jamais abandonará uma missão. Ainda que navegue em um mar de dificuldades, ela sempre retornará ao ponto de partida para buscar o que é seu. A mensagem é da desembargadora Luislinda Valois, palestrante do Café com Prosa em homenagem ao Dia das Mães, organizado pela Asteb em parceria com a Escola de Contas José Borba Pedreira Lapa (ECPL), na manhã desta sexta-feira (6.05). O encontro, alegrado pelas vozes do Coral TCE/TCM, foi marcado por momentos de emoção, integração e amizade entre as mães servidoras homenageadas.

Antes de passar a palavra à palestrante, o presidente do Tribunal de Contas do Estado da Bahia (TCE/BA), Inaldo da Paixão Santos Araújo, abriu oficialmente o evento, fazendo alusão à caminhada de luta de Luislinda Valois: “O destino nos deu a alegria de ter uma pessoa como a senhora para nos trazer uma mensagem neste momento. E logo a senhora, uma pessoa mais que iluminada! Em seu nome já está contido o significado de mulher guerreira, batalhadora”, disse o conselheiro-presidente, entregando a Luislinda os impressos institucionais dos 100 anos do TCE/BA e a estatueta de Ruy Barbosa, patrono dos Tribunais de Contas.

Na sequência, Luislinda Valois contou um pouco da sua história, ou melhor, da história da menina negra e pobre, criada na periferia de Salvador, filha de lavadeira e motorneiro de bonde, que, aos 9 anos de idade, não se abateu com as duras palavras de desestímulo de um professor: “Pare de estudar e vá fazer feijoada na casa dos brancos!”. Após uma reflexão, a resposta da garota veio como um raio, típico da reação das filhas de Iansã: “Eu vou ser é juíza e depois volto aqui pra lhe prender!” Luislinda conta que sempre foi assim. A ousadia nunca tardou a vencer a inércia e a fez subir os degraus diante de tantos preconceitos.

“Sou conhecida como a primeira juíza negra do Brasil. Mas isso não me envaidece. Isso me entristece. Eu tenho 74 anos, e o Brasil, 516 anos. Demoramos muito! É difícil ser negro no Brasil, mas nunca desistam dos seus desafios”. Ao abordar questões de gênero, a palestrante fez ainda vários comentários sobre o papel da mulher na sociedade: “A porta quase sempre é fechada para a mulher no mercado de trabalho. Precisamos colocar as mulheres no ápice da pirâmide. Às mulheres negras não são reservados os melhores postos. Quase sempre as vemos com bandejas ou vassouras nas mãos. Temos de mudar essa realidade”. A primeira juíza negra do Brasil lançou também uma mensagem para a juventude: “Quem não cuida dos filhos os deixa à mercê da polícia. É preciso educar e cuidar dos jovens”.

Luislinda Valois encerrou a sua explanação com um clamor de luta pelos direitos das mulheres: “Marias, lutemos por um Brasil melhor! Eu também sou Maria! Sou baiana e brasileira!”, disse a palestrante, enchendo de aplausos a sala de treinamento da ECPL. O diretor da Escola de Contas, Luciano Chaves de Farias, agradeceu a presença da ilustre convidada, enaltecendo o seu projeto de extinção dos presídios femininos no estado. As servidoras Daniela Couto Silva Gomes e Iaisa Sampaio Lima presentearam a palestrante Luislinda Valois com um buquê de flores.

O evento contou também com sorteio de prêmios para as servidoras.

DEPOIMENTOS

“O Dia das Mães, para mim, representa muita responsabilidade. Ser mãe não é somente colocar um ente no mundo. A partir do momento em que nos tornamos mãe, temos de ser cuidadosas, exigentes, competentes e disciplinadas”.
Luislinda Valois, desembargadora.

“Mais uma vez a Asteb, numa parceria com a ECPL, tem o prazer de comemorar o Dia das Mães integrando os servidores do TCE/BA. É um momento de grande alegra, que reúne os colegas de trabalho e contribui para o fortalecimento das relações no |Tribunal”.
Carlo Sérgio Magnavita, diretor da Asteb.

“Uma data muito sensível, até porque minha mãe tá no céu, então essa mãe deixou marcas na gente. Foi uma grande mãe!”
Cristina Vasconcelos, assistente da ECPL.

“É um grande momento não só pela homenagem às mães, mas também porque cantar no coral faz bem ao corpo e à alma”
Jussara Fidélis, psicóloga e integrante do coral Vozes do TCE

“O Dia das Mães representa, sinceramente, o dia das flores, o dia da pureza. Eu costumo dizer que mulher é a coisa mais perfeita que Deus fez, ou quase perfeita. É um dia pra se comemorar”.
Jorge Manuel dos Santos Costa, integrante do Coral Vozes do TCE/BA

“O Dias das Mães é uma maravilha, um dia muito importante. Todos os anos temos este encontro. Muito bom!”
Aidil Creusa da Silva Santiago, 83 anos, servidora aposentada.

2016 05 Nota LuislindaValois