IMG 9606Fim de ano é tempo de confraternizar, de repensar as ações e fazer um balanço da nossa vida. É, também, tempo de perdoar e ver, no outro, uma possibilidade de compartilhar o melhor da nossa generosidade para construir um mundo melhor. Como de costume, esse clima de união foi o que prevaleceu entre os servidores do Tribunal de Contas do Estado da Bahia (TCE/BA), na manhã desta quinta-feira (19.12) durante o 8º Encontro Inter-religioso, que contou com a participação de representantes de sete religiões.

O encontro ecumênico, que já faz parte da programação dos eventos de fim de ano do TCE/BA, teve como mestre de cerimônias Elson Queiroz Ramos. Além de ressaltar a importância do encontro como exemplo de fé e tolerância, Cabo Elson convidou o Coral Vozes do TCE e do TCM para uma apresentação especial de Natal. O grupo de coralistas, regido pelo maestro Neemias Couto e coordenado pela servidora Jussara Fidélis, encerrou a agenda de 2019 após uma série de apresentações locais e interestaduais. O coro animou o evento com as canções Anunciação, de Alceu Valença; “Boas Festas”, de Assis Valente, “Noite Feliz”, Todos estão surdos”, de Roberto Carlos, e a versão em português de “Heal the World”, de Michael Jackson.

IMG 9638IMG 9654 1Dando sequência à programação, o presidente do TCE/BA, Gildásio Penedo Filho, agradeceu a presença dos conselheiros, servidores e líderes religiosos, dirigindo a sua mensagem para os servidores da Casa de Contas e Controle: “Com este encontro, o TCE/BA dá mais uma demonstração de união, mas, sobretudo, tenta espelhar aquilo que há de mais caro no momento atual, marcado pela intolerância, pela insensibilidade, e que acabam contaminando os ambientes de trabalho e familiar. É um momento em que precisamos repensar o modo de agir, de rever valores e pensamentos. E esse encontro, com seu mais amplo matiz de fé e crença, dá essa clara noção de compreensão, do que precisamos espraiar internamente, para as nossas vidas, nossas famílias e nossa população”. E vocês, nesse instante, vêm trazer o testemunho da sua fé, que deve mover o coração de todos”, disse o conselheiro-presidente.

Além dos servidores, o evento contou ainda com a participação do vice-presidente do TCE/BA, Marcus Presídio, do conselheiro-corregedor, Inaldo da Paixão Santos Araújo; do conselheiro-ouvidor, João Bonfim, entre outras autoridades.

 

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Medrado

CONFIRA O CONTEÚDO DAS PALESTRAS

“Que tudo de negativo registrado na nossa vida seja apagado”

Sheik Ahmad

Representante da religião muçulmana, o Sheik Amad deu enfoque a um discurso marcado pelo sentimento de tolerância entre os homens, que deve resumir-se, segundo ele, em uma palavra: paz. Em sua concepção, Deus criou todos os homens para fazerem o bem e não para promoverem a destruição. Ressaltou ainda a importância do perdão como elemento de transformação da raça humana. “É preciso perdoar. O ano de 2020 está chegando e temos de procurar viver em paz com o próximo. O ano novo é uma oportunidade de fazer um mundo melhor. Que tudo de negativo que foi registrado em nossa vida neste ano seja apagado, e que as coisas boas e positivas que registramos possam ser acrescentadas à nossa vida”, disse Sheik Ahmad. No final da explanação, o conselheiro João Bonfim entregou o certificado de participação ao religioso.

“O verdadeiro sentido do Natal é reconhecer o nascimento de quem está esquecido”

José Medrado

Dando início a sua fala, o espírita José Medrado saudou a todos, parabenizando a mesa diretora do TCE/BA pela reeleição. Logo em seguida, Medrado fez duras críticas ao Natal burocrático, marcado pelo consumismo e por um comportamento que se afasta do sentido principal, que é reconhecer o nascimento de Cristo. O líder espiritual lembrou que o Natal é a essência daquele que trouxe uma mensagem de libertação para a humanidade. “O verdadeiro sentido do Natal é reconhecer o nascimento de quem está esquecido. Como podemos conceber o cristo dos enfermos, dos fracos, ser discriminador e preconceituoso. O Cristo que vive entre pobres e prostitutas é o Cristo de sandália empoeirada, o Cristo de um natal do chão e não do púlpito. Temos de vincular o Natal à gratidão”, disse José Medrado, conclamando todas ao mais marcante momento do encontro: o abraço entre os servidores do TCE/BA. José Medrado recebeu o certificado de participação das mãos do conselheiro Marcus Presídio.

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“O mundo da tolerância não exige apenas que nos calemos diante daquele que pensa diferente de nós, mas também facilitemos a expressão daquele que pensa diferente”

Rabino Mariano Del Prado

Em sua apresentação, o representante do judaísmo comentou que, ao chegarmos a essa fase do ano, são frequentemente alimentadas as ilusões de que algo vai mudar que algo vai acontecer, e é natural nos expressarmos com frases de bons desejos, de boas intenções. Entretanto, lembrou o rabino, o desejo de um ano melhor é somente uma casca da realidade. É necessária, portanto, uma transformação maior, uma construção. E nesse aspecto, o religioso citou que no judaísmo existe um profundo processo do pensar em relação ao que se fará no próximo ano, o que está atrelado ao ato de valorizar a própria vida. Citando como exemplo de boa convivência a tolerância, o rabino exemplificou: “O mundo da tolerância não exige apenas que nos calemos diante daquele que pensa diferente de nós, mas também facilitemos a expressão daquele que pensa diferente. É bom lembrar que o mundo é o reflexo das nossas atitudes e feitos”, concluiu Mariano Del Prado. O rabino recebeu o certificado de participação do substituto de conselheiro Sérgio Spector.

“A verdadeira felicidade não está nas coisas extraordinárias, e sim nas coisas banais”

Pastor Marcos Paulo do Nascimento

Jesus ensina que o caminho da renúncia é o caminho da bem-aventurança. Com essa ilação, o pastor evangélico Marcos Paulo abriu um discurso fundado na importância da generosidade entre as pessoas. Segundo o religioso, o caminho para a felicidade está muito mais em doar-se sem esperar muito dos outros. E citou o casamento como um dos melhores exemplos de exercício de convivência. “As pessoas devem casar para compartilhar suas vidas. Se você casa para ser feliz irá cobrar do outro, e isso tornará um inferno a vida dos parceiros”. Outro exemplo dado pelo pastor refere-se ao desgaste das relações: “A sensação mais extraordinária em uma situação banal foi exatamente quando eu fiz uma reflexão muito importante. Meus filhos menores estavam deitados em uma noite de inverno e eu os cobri. E eu percebi que eles estavam seguros, cobertos e protegidos. E cheguei à conclusão que nunca poderia ser mais feliz. A verdadeira felicidade não está nas coisas extraordinárias. A verdadeira felicidade está nas coisas banais”, disse o religioso. O secretário-geral do TCE/BA, Luciano Chaves de Farias, entregou o certificado de participação ao pastor Marcos Paulo.

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“Quando falo da umbanda, levo o amor, o respeito e a fé a todas as religiões”

Mãe Izabel Garrido

“Cada um de nós é folha de uma grande árvore, que se alimenta da mesma terra com os ensinamentos do Pai”. Com essa frase, Mãe Izabel Garrido, representante da umbanda, levou ao público do 8º Encontro Inter-religioso sua mensagem de respeito e união entre as religiões. Izabel explicou que a umbanda é uma religião que nasceu do preconceito e, como tal, tem o dever de agregar e respeitar todas as outras religiões. “Religião é aquilo onde você põe a sua fé. Qualquer um que tenha fé será o cobertor do outro, em qualquer religião. Eu sou muito feliz de ser um grãozinho nisso tudo. Por isso trate o seu semelhante com respeito e amor. Que neste momento se derrame sobre vocês tudo de bom”. O conselheiro-corregedor, Inaldo da Paixão Santos Araújo, entregou a Mãe Izabel Garrido o certificado de participação.

“Religião significa religar-se a tudo o que está ao seu redor, e, com certeza, o amor será algo que eu emano a todos vocês”

Mãe Jaciara

IMG 0135A ialorixá iniciou sua fala traçando o cenário atual do Brasil, marcado pelo aumento de casos de racismo e de intolerância religiosa, além da violência contra a mulher. No entanto, fez uma previsão de que, segundo os orixás, 2020 será um ano de perdão, respeito e acolhimento. Com base na frase do Dalai-lama, “não existe uma religião melhor do que a outra, a melhor religião é aquela que faz você melhor”, Mãe Jaciara explicou que o importante é religar-se a tudo o que está ao seu redor, “e com certeza o amor será algo que eu emano a todos vocês”. Como ritual que simboliza a vida, a sacerdotisa soprou um pó feito à base de ervas aromáticas para atrair boas energias. “No candomblé, a gente não celebra a vida de Cristo. A gente celebra a vida dos orixás, mas respeitamos muito, porque tem muitos praticantes que fazem o presépio de Natal. Teremos em 2020 a representação do 6, e quem vai estar reinando é o Odu Obará. O número 6 significa 'o que absolve'. Então será um ano de muito perdão e muito acolhimento. É um odu dourado, que traz a fartura”, concluiu Mãe Jaciara. A religiosa recebeu o certificado de participação das mãos de Francisco Sena, do TCM.

“No Natal, a prioridade é dos fracos, dos pobres, dos negros assassinados nas periferias”

Padre Manoel

Com um discurso permeado pela denúncia social e contra o preconceito, o padre Manoel lançou luzes sobre a esperança que se renova no final de ano. Para o representante do catolicismo, o encontro inter-religioso promovido pelo TCE/BA é um fórum de discussões no qual há denúncia de toda forma de discriminação e exclusão. E também anúncio de novas possibilidades. “O Natal nos lembra que a esperança viva está no 'menino que nasce'. Para além da luta por justiça e por fraternidade, outra iniciativa maior dos homens e mulheres de boa vontade é manter a esperança. Às vezes parece que o sol não vai nascer, mas ele nasce; parece que a chuva não vai cair, mas ela cai. Parece que a flor não vai brotar, mas ela brota. É preciso manter viva essa esperança, e o Natal nos lembra que essa esperança é alimentada por contemplar o menino que nasce”. Em relação aos excluídos, o religioso pontuou: “No Natal, a prioridade é dos fracos, dos pobres, dos negros assassinados nas periferias”. Padre Manoel recebeu o certificado das mãos do presidente da Asteb, Carlo Sérgio Spínola Magnavita.